ARTIGO PULICADO NA REVISTA "BAHIA NORTE" ANO VIII - Nº 68
O Brasil é um país sui generis em seus devaneios de grandezas e resultados econômicos falaciosos, sendo um exemplo recente a Copa de 2014 que patrocinaremos, não sei, a troco de que.
O Brasil é um país sui generis em seus devaneios de grandezas e resultados econômicos falaciosos, sendo um exemplo recente a Copa de 2014 que patrocinaremos, não sei, a troco de que.
Desde que o País se predispôs a sediar o atual
mundial de futebol, um clima de euforia e de orgulho ufanista, tomou conta das
autoridades governamentais, para demonstrar ao resto do mundo nossa capacidade
de levar em frente um projeto dessa natureza.
O governo da União faz apologia sobre os
ganhos econômicos e estruturantes advindos do evento, para justificar sua
captação, a exemplo da geração de empregos com a construção e reformas dos
estádios, estruturas periféricas, obras de mobilidade, requalificação urbana no
entorno dos locais dos jogos, entre outros.
Não se discute que, durante a preparação
das estruturas haverá algum tipo de fervilhamento econômico, mas de forma
temporária, pois ao fim da Copa o que restará em termos de legado para o
contribuinte? Os estádios? à ocupação dos hotéis? De resto, tudo votará a
realidade de sempre, menos os recursos públicos jogados ao ralo da inutilidade.
Se nossos hospitais públicos são indignos
em atenderem e preservarem a vida do cidadão; se nossas estradas se tornam
assassinas pela manutenção falha; se nossas escolas não educam nossos jovens
como deveriam; se somos recordistas em violência urbana e no campo, com alguns
de nossas cidades liderando a lista mundial de homicídios, inclusive Salvador;
se nossa justiça passa décadas para julgar um processo; então para que copa?
O governo alardeia que o erário não arcará
sozinho com as obras, pois haverá a maior contrapartida de recursos do setor
privado, canalizados através de parcerias; meia verdade, pois a responsabilidade
e coordenação do evento caberão ao setor público e diante de atrasos nos
cronogramas e ajustes nas planilhas de custos, o que irá custear é o dinheiro
do contribuinte.
A ausência de transparência e o
crescimento geométrico nos gastos públicos da COPA de 2014 é outro fator
preocupante, cifras que devem atingir o patamar de R$ 30 BILHÕES. Na Bahia foi
criada uma secretaria de estado a SECOPA com a função de coordenar e promover o
evento. Uma estrutura desta implica em gastos com cargos comissionados e outras
despesas de custeios, que poderiam ser aplicadas em atividade mais meritórias.
Uma incógnita que paira no ar se refere à
ocorrência de pretensos protestos contra a COPA, nas cidades sedes, como também
a intensidade e dimensão dos mesmos. Essa perspectiva tem levado a inúmeras
desistências de reservas hoteleiras, cujo termômetro é a queda de 52% no valor
das diárias dos hotéis na cidade do Rio de Janeiro, e 34% em São Paulo e
Salvador.
Outro aspecto a salientar, é a ingerência
da FIFA, num país soberano, não respeitando a nossa cultura, através de
imposições de padrões alienígenas, submetendo o governo aos dogmas da entidade
e não as necessidades do país. Na Bahia, por exemplo, tiveram a audácia de
tentar proibir a venda de acarajé um quitute tradicional da culinária baiana,
além de cercear o ir e vir da população nas cercanias dos estádios nos dias de
jogos.
Em um país civilizado a modernização de
suas estruturas e serviços públicos, não estão atrelados a um único evento
esportivo, mas se trabalha continuamente para atender as necessidades
prioritárias do cidadão.
JOSEMAR