segunda-feira, 4 de julho de 2011

COPEC - 33 ANOS - PARTE 1

O SURGIMENTO DE UM NOVO PÓLO INDUSTRIAL NA BAHIA E SUAS EXTERNALIDADES POSITIVAS

A ECONOMIA BAIANA SOFREU UM DECLÍNIO SISTEMÁTICO NO PERÍODO QUE SE ESTENDE ENTRE O INÍCIO DO SÉCULO XIX ATÉ A DÉCADA DE 1950, ATRELADO ÀS RAZÕES HISTÓRICAS QUE LEVARAM A TRANSFERÊNCIA DA CAPITAL COLONIAL DE SALVADOR PARA O RIO DE JANEIRO. ANTES DESSE FATO, NO SÉCULO XVIII ATÉ MEADOS DO SÉCULO XIX, A ANTIGA CIDADE DE SÃO SALVADOR DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS POSSUIA O MAIOR PORTO COMERCIAL ABAIXO DA LINHA DO EQUADOR, FERVILHANDO DE NAVIOS E NEGOCIANTES DE PAISES EUROPEUS EM BUSCA DE NOSSAS ESPECIARIAS. SERVIA TAMBÉM, COMO LOCAL PARA ABASTECIMENTOS DOS NAVIOS PROPULSIONADOS A VELA QUE DEMANDAVAM EM DIREÇÃO AO ORIENTE, VIA “CABO DA BOA ESPERANÇA”, EM RAZÃO DOS REGIMES DE VENTOS NO ATLÂNTICO SUL. 

NESSE PERÍODO, AQUI SE LOCALIZAVA UM DOS MAIORES ARSENAIS NAVAIS DO MUNDO, ONDE SE CONSTRUÍAM E REFORMAVAM NAVIOS DE GRANDE PORTE, TINHAMOS MADEIRA DE BOA QUALIDADE, ALÉM DE ENSEADAS PROPÍCIAS A ESSA FAINA.

O ÁPICE DESSE PROCESSO DE DECADÊNCIA CRISTALIZOU-SE NA DÉCADA DE 30 DO SÉCULO PASSADO, QUANDO NO ÂMBITO DA PRÓPRIA REGIÃO NORDESTE, A BAHIA PERDEU A LIDERANÇA INDUSTRIAL PARA O ESTADO DE PERNAMBUCO. A ESSA ÉPOCA, PERNAMBUCO ERA VISTO COM OLHOS MAIS AMIGOS PELA UNIÃO DO QUE NOSSO ESTADO, POIS, TEVE MAIOR COMPETÊNCIA POLÍTICA PARA LUTAR POR VERBAS FEDERAIS. ESSE PERÍODO , CORRESPONDE A 1º METADE DO SÉCULO XX, QUE REPRESENTA A NÃO INDUSTRIALIZAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, É EXAUSTIVAMENTE ESTUDADO PELOS ECONOMISTAS E ESTUDIOSOS E DENOMINADO O “ ENIGMA BAIANO”.

OS VENTOS COMEÇARAM A SOPRAR FAVORÁVEIS, QUANDO DA DESCOBERTA DE PETRÓLEO NA LOCALIDADE DE LOBATO, SUBÚRBIO DE SALVADOR, NO DIA 21 DE JANEIRO DE 1939 E POSTERIORMENTE NO RECÔNCAVO BAIANO, QUE LEVOU À CONSTRUÇÃO DA REFINARIA LANDULPHO ALVES EM 1949, INCORPORADA À PETROBRÁS EM 1953. ESSE MOMENTO ALICERÇOU O ESTADO NO PROCESSO INDUSTRIAL MODERNO, COMO PRODUTOR DE BENS INTERMEDIÁRIOS, ALIÁS, ESPECIALIZAÇÃO QUE A BAHIA ESTIGMATIZA ATÉ OS DIAS DE HOJE.

                                          REFINARIA  LANDULPHO ALVES

                   http://portalmaritimo.com/2010/09/30/refinaria-landulpho-alves-60-anos-de-servicos-ao-brasil/

EM NOVA TENTATIVA DE ALAVANCAR O SETOR SECUNDÁRIO NO ESTADO, FOI CRIADO EM 1966 O CIA – CENTRO INDUSTRIAL DE ARATU – COM BASE EM CONCESSÕES DE INCENTIVOS FISCAIS E FINANCEIROS, ALÉM DA INFRA - ESTRUTURA NECESSÁRIA À IMPLANTAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS. ESSE MODELO NÃO FOI A VANTE, POIS NÃO HAVIA COMPLEMENTARIEDADE ENTRE AS INDÚSTRIAS ALI EXISTENTES.

LOGO QUE O PRAZO LIMITE DOS INCENTIVOS FISCAIS FINDAVAM, UM GRANDE NÚMEROS DESSAS EMPRESAS FECHAVAM SUAS PORTAS, MIGRANDO PARA OUTROS ESTADOS.

JÁ NA DÉCADA DE 1970, COM BASE NO II PND – PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO – ALIADO À NECESSIDADE DE AMPLIAR A OFERTA DE PRODUTOS PETROQUÍMICOS BÁSICOS, DEMANDADOS PELO CRESCIMENTO ECONÔMICO DO PAÍS NO PERÍODO DO DITO MILAGRE BRASILEIRO, INICIOU-SE DEBATES EM TORNO DA VIABILIDADE DE SE IMPLANTAR UM NOVO PÓLO PETROQUÍMICO OU AMPLIAR-SE O JÁ EXISTENTE EM SÃO PAULO, A PETROQUÍMICA UNIÃO.

A DECISÃO DE SE INSTALAR O PÓLO PETROQUÍMICO NA BAHIA NÃO FOI PACÍFICA, ENVOLVEU INTENSAS CONTENDAS POLÍTICAS NOS BASTIDORES DE BRASÍLIA, ONDE AS ELITES CONSERVADORAS SULISTAS NÃO ACEITAVAM QUE UM ESTADO NORDESTINO PRODUZISSE BENS INTERMEDIÁRIOS COM VALOR TECNOLÓGICO AGREGADO. ALÉM DAS VANTAGENS COMPARATIVAS, A EXEMPLO DE SERMOS O MAIOR PRODUTOR DE PETRÓLEO DO PAÍS NESSA ÉPOCA, POIS AS JAZIDAS EM MAR ABERTO NA BACIA DE CAMPOS NÃO HAVIAM SIDO DESCOBERTAS, 

                                      PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI

                                http://www.atarde.com.br/esporte/noticia.jsf?id=1138549

O GOVERNO MILITAR, BASEADO EM PRINCÍPIOS ESTRATÉGICOS, PRECONIZAVA A DESCENTRALIZAÇÃO INDUSTRIAL DO SUDESTE EM DIREÇÃO A OUTRAS REGIÕES MENOS DESENVOLVIDAS. NESSE MOMENTO HISTÓRICO HOUVE TAMBÉM COMPETÊNCIA DAS NOSSAS LIDERANÇAS POLÍTICAS E EMPRESARIAIS EM GARANTIR ESSE IMPORTANTE TRUNFO ESTRATÉGICO PARA O FUTURO ECONÔMICO DO ESTADO.

A ENGENHARIA ECONÔMICA QUE DEFINIU A COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA DAS EMPRESAS QUE IRIAM COMPOR O COPEC – COMPLEXO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI – VIABILIZOU-SE COM O MODELO TRIPARTITE; CAPITAL NACIONAL PÚBLICO, MAJORITÁRIO, CAPITAL NACIONAL PRIVADO, E CAPITAL PRIVADO MULTINACIONAL – MINORITÁRIO - , DETENTOR DA TECNOLOGIA. ASSIM, SURGIU EM CAMAÇARI O MAIOR COMPLEXO PETROQUÍMICO DO HEMISFÉRIO SUL, CONCEBIDO DE FORMA PLANEJADA, ONDE SUA CENTRAL DE MATÉRIA PRIMA, QUE PRODUZIA INSUMOS  BÁSICOS OU DE 1º GERAÇÃO,  A EXEMPLO DO ETENO E BENZENO, E OS REPASSAVAM  ATRAVÉS DE DUTOS ÀS INDÚSTRIAS DE PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS OU DE 2º GERAÇÃO, QUE PRODUZIAM RESINAS TERMOPLÁSTICAS, DENTRE OUTROS.

OUTRAS VANTAGENS COMPETITIVAS DO COPEC À ÉPOCA  DA SUA CRIAÇÃO, FOI A CONSTRUÇÃO QUASE ÀS SUAS PORTAS, DO PORTO DE ARATU, MOVIMENTANDO INSUMOS NA FORMA DE GRANÉIS LÍQUIDOS, GASOSOS E SÓLIDOS, TANTO NO SENTIDO DE IMPORTAÇÃO COMO NA EXPORTAÇÃO. OS CONCEITOS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL TAMBÉM ESTAVAM PRESENTES  NA CONCEPÇÃO DO COPEC, ATRAVÉS DO CINTURÃO VERDE QUE ENVOLVE O CONTORNO DA SUA ÁREA INDUSTRIAL E A CETREL  - CENTRAL DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES LÍQUIDOS, EMPRESA DE EXCELÊNCIA NA ÁREA DE TRATAMENTOS DE DEJETOS INDUSTRIAIS LÍQUIDOS.

A CONSTRUÇÃO DO PÓLO DE CAMAÇARI GEROU INÚMERAS ECONOMIAS EXTERNAS PARA SALVADOR E SUA ÁREA METROPOLITANA, A EXEMPLO DO CONSUMO DAS FAMÍLIAS, ORIUNDO DO PATAMAR SALARIAL DOS SEUS EMPREGADOS, LEVANDO A UMA NOTÁVEL EXPANSÃO URBANA NA CAPITAL BAIANA, LITORAL NORTE – CONDOMÍNIOS FECHADOS – E NA CIDADE DE CAMAÇARI. A ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA, ANTERIORMENTE CENTRADA NUMA ECONOMIA AGRO EXPORTADORA, PASSOU A TER O COPEC COMO MAIOR CONTRIBUINTE DO ERÁRIO BAIANO.

POR OUTRO LADO,  NEM TUDO FORAM FLORES NA ESTRADA DO COMPLEXO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI. CRISES HOUVERAM E TIVERAM DE SER SUPERADAS. EM 1990, O BRASIL PROMOVEU ABERTURA DO SEU COMÉRCIO EXTERIOR, INVADINDO O MERCADO INTERNO COM RESINAS PLÁSTICAS E OUTROS SUBPRODUTOS PETROQUÍMICOS PRODUZIDOS EM PAISES EMERGENTES DO SUDESTE ASIÁTICO, QUE TINHAM CUSTOS DE PRODUÇÃO MENORES QUE O NOSSO, POIS O EMPRESARIADO BRASILEIRO ATUAVA EM UM AMBIENTE FECHADO NÃO ACOSTUMADO A CONCORRÊNCIA DE MERCADO.

HOUVE TAMBÉM A CRIAÇÃO DO COPESUL NO RIO GRANDE DO SUL, QUE TIROU NICHO DE MERCADO DO COPEC NO MERCORSUL, PELO FATO DE FICAR MAIS PRÓXIMO A ESTE BLOCO ECONÔMICO. NESSE CENÁRIO, AS EMPRESAS DO COPEC, VISANDO REDUZIR CUSTOS OPERACIONAIS, ADOTARAM O REGIME DE TERCEIRIZAÇÃO DE MÃO DE OBRA, O QUE FEZ OS EMPREGOS DIRETOS CAIREM DE 25 MIL POSTOS NO SEU AUGE, PARA POUCO MAIS DE 6 MIL NOS DIAS DE HOJE. É CLARO QUE DEVEMOS INCLUIR NESTE EVENTO O COMPONENTE TECNOLÓGICO QUE INDUZ À AUTOMAÇÃO OPERACIONAL E, POR CONSEQUÊNCIA, LEVA Á DIMINUIÇÃO DA NECESSIDADE DA PRESENÇA HUMANA NOS PROCESSOS INDUSTRIAIS.

ESSA NOVA REALIDADE QUE DOMINAVA O AMBIENTE ECONÔMICO BRASILEIRO, EM RAZÃO DESSA CONTEMPORÂNEA “ ABERTURA DOS PORTOS “, FOI IMPORTANTE PARA QUE GRUPOS EMPRESARIAIS NACIONAIS PROMOVESSEM ARRANJOS SOCIETÁRIOS, VISANDO ENFRENTAR O AMBIENTE DE CONCORRÊNCIA GLOBALIZADA. NA BAHIA, UM FATO ESPECÍFICO, A LIQUIDAÇÃO DO BANCO ECONÔMICO EM 2001, QUE MANTINHA BRAÇOS NO SETOR PETROQUÍMICO, LEVOU A MUDANÇA DO CONTROLE DA COPENE – CENTRAL DE MATÉRIA PRIMA -, PARA AS MÃOS DO GRUPO ODEBRECHT, PASSANDO A SER DENOMINADA BRASKEM.

HOJE A PETROQUÍMICA BAIANA CONTINUA MANTENDO POSIÇÃO RELATIVA NO MERCADO NACIONAL, MAS DEVE BUSCAR NOVAS SINERGIAS PARA MANTER COMPETITIVIDADE DIANTE DOS  DESAFIOS DE MERCADO, NUM CENÁRIO GLOBALIZADO, ONDE UM PASSO ESTRATÉGICO, EM FALSO, PODE TER CONSEQUÊNCIAS DESASTROSAS.




JOSEMAR SOUZA SANTOS

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